O ano de 2012 não foi dos melhores
para a indústria de materiais de construção. As vendas aumentaram em 1,4%
quando a expectativa era de crescer 4,5%. As causas são bem conhecidas,
destacando aqui o próprio andamento da economia internacional e brasileira como
um todo, que inibiu investimentos públicos e privados. O segmento imobiliário
cresceu a taxas modestas e o destaque positivo mais uma vez foi o crescimento
das vendas para o varejo que avançaram em torno de 7% em relação a 2011.
Somam-se a isso outros fatores de menor impacto, mas é hora de pensar em 2013.
O que muda em 2013? Comecemos pelo
varejo, que representa cerca de 50% das vendas da indústria de materiais como
um todo e 80% das vendas de materiais de acabamento. O varejo tem tudo para
continuar forte em 2013. Isso porque a venda do comércio para as famílias, em
obras de reformas e ampliações, depende fundamentalmente de renda, emprego e
crédito - todos com boas perspectivas para o futuro próximo. Vivemos uma
situação de quase pleno emprego no país, mesmo considerando diferenças
regionais. A renda continua aumentando, salário mínimo com aumento real e
acordos salariais sendo fechados acima dos índices de inflação. Renda crescente
e redução da pobreza são indicadores muito positivos, mas não se pode esquecer
que é preciso aumentar a produtividade da força de trabalho para que as
empresas sejam mais competitivas. Crédito a juros civilizados começam a chegar
ao mercado impulsionado principalmente pelos bancos públicos em um primeiro
momento.
O que deve ocorrer é uma melhoria
gradual do aperfeiçoamento no processo de aprovação do crédito às famílias, o
que é saudável para evitar um aumento da inadimplência. Apesar das críticas,
movidas pelos mais diferentes motivos, muitos especialistas acham que o nível
de inadimplência e comprometimento da renda com financiamentos ainda estão em
níveis aceitáveis e que as famílias estão cada vez mais conscientes e
cuidadosas na tomada de crédito para suas compras. Concordamos que é necessário
incrementar, incentivar investimentos públicos e privados, mas mantendo as
políticas de incentivo ao consumo. Empresas não subsistem sem vendas e ao lado
disso, é justo e razoável imaginar que 50 milhões de pessoas que foram
recentemente incorporadas ao que conhecemos como “mercado de consumo” não
tenham suas expectativas de melhoria no padrão de vida frustradas. Apostamos
que as vendas da indústria de materiais para o varejo e do varejo para as
famílias devem crescer em torno de 8% em 2013.
Já as vendas da indústria
para o segmento imobiliário – aqui inclusos condomínios residenciais, prédios
comerciais, galpões industriais entre outros, devem crescer em torno de 4%.
Esse mercado é fortemente influenciado pelo estado geral da economia. Há uma
tendência que a economia internacional tenha um comportamento um pouco melhor
que em 2012. Os Estados Unidos se recuperam, a economia da zona do euro deve
ficar igual ou ligeiramente melhor, China deve repetir 2012 em torno de 7,7% de
crescimento e o Japão recentemente mudou para um enfoque mais
desenvolvimentista. Acreditem ou não, o Japão ficaria contente com uma inflação
um pouco maior, se isso estiver no contexto de crescimento de sua economia, que
há algum tempo está estagnada. No Brasil estamos apostando que os leilões das
concessões - anunciadas dentro dos programas do Governo Federal de incentivo a
infraestrutura - comecem logo, e que haja avanço a partir
do segundo semestre.
A Copa do Mundo está mais próxima e as obras
pertinentes terão que ser aceleradas. A redução do custo de energia elétrica
deve animar boa parte dos empresários, mas vale lembrar que outra fonte de
energia, o gás, é um insumo importante na indústria de materiais e seu custo
ainda elevado agrava em muito a competitividade de setores como cerâmica,
vidros e outros. A indústria aplaude as iniciativas do governo federal de
reduzir o “custo Brasil”, com medidas de desoneração, redução de juros, mas vê
com preocupação a sobrevalorização do Real - nossa moeda está entre as mais
sobrevalorizadas do mundo. Isso tem impactado o mercado com um continuado
aumento de importações e estagnação nas exportações dos materiais de
construção. Importações cumprem um papel importante, mas quando feitas de forma
não isonômica, com países exportadores subsidiando vendas de seus produtos ao
Brasil, aí não é justo. Isso é agravado em muitos casos pela falta de
conformidade técnica dos importados, que é difícil combatermos com os atuais
mecanismos de averiguação e controle.
Com todo esse cenário acreditamos
que iremos crescer 4,5% em 2013, mas é claro, “todo esse cenário” precisa
acontecer.
Queremos, por fim, mencionar mais
alguns pontos que a nosso ver precisarão de uma atenção especial, não só em
2013, mas nos anos futuros. Os governos estaduais precisarão fazer sua parte na
desoneração dos impostos, particularmente reduzindo o ICMS e simplificando o
procedimento da Substituição Tributária, hoje um “monstrengo” em termos de
complexidade e de não espelhar as margens realmente praticadas no mercado,
onerando a tributação. Tão danoso como o excesso de tributação é sua
complexidade, que exige das empresas a criação e manutenção de um pequeno
exército administrativo para cuidar somente da burocracia fiscal. A elevada
carga tributária estimula a informalidade que precisa ser combatida sem
fronteiras: pelo mal que causam às empresas responsáveis e também à própria
nação.
Enfim essas são as nossas
expectativas para 2013. Vamos torcer e mais que isso, ajudar a torná-las
realidade. Com certeza, feiras do setor como a FEICON, representam uma
excelente oportunidade não só par conhecimento das inovações, mas para
discussão dos desafios e das oportunidades da construção no Brasil.
Walter Cover, presidente da
Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção
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